Um resumo básico sobre como funciona a motricidade voluntária no corpo humano.
A via da motricidade voluntária compreende dois tipos de neurônios. O primeiro é o neurônio motor superior que liga o córtex aos núcleos dos nervos cranianos ou espinais, os quais contêm o neurônio periférico ou neurônio motor inferior, que inerva os músculos estriados esqueléticos.
O segmento central da via motora voluntária é constituído pelos neurônios motores superiores agrupados, constituindo uma via compacta e cruzada. Portanto, o déficit de tipo central é global, cruzado, se a via for atingida acima do cruzamento, e homolateral, se atingida abaixo. O segmento periférico é constituído pelos neurônios motores inferiores, tendo sua origem ao longo do corno anterior da medula e distribuído pelas raízes, plexos e troncos nervosos periféricos. O déficit de tipo periférico é, portanto, parcial, localizado em certos músculos.
Os axônios do neurônio motor periférico saem da medula através da raiz anterior (motora) e dirigem-se, sem interrupção, até o músculo estriado, onde fazem sinapse com a membrana da fibra muscular. Denomina-se unidade motora ao conjunto formado pelo motoneurônio periférico e as fibras musculares por ele inervadas.
O neurônio motor inferior é a via final comum dos impulsos que alcançam o músculo estriado. Ou seja, os distintos impulsos motores originados nas formações supra-segmentares e nas formações nucleares do tronco encefálico são transmitidos ao músculo estriado através do neurônio motor periférico.
O feixe corticospinal ou piramidal constitui o segmento central da via motora voluntária. Origina-se no córtex, predominantemente no giro pré-central (área motora 4). Sabe-se hoje, que outras áreas participam da formação do trato piramidal, principalmente a área 6 do lobo frontal e as áreas 3, 2 e 1 do lobo parietal. O córtex cerebral é formado por seis camadas celulares. O trato pirami dal origina-se da quinta camada celular.
Wilder Penfield, por meio de estimulação em pacientes cujo córtex fora exposto para cirurgia de epilepsia, identificou os vários pontos motores de origem do trato piramidal, traçando o mapa da área motora, denominado homúnculo de Penfield. Este retrata a figura humana proporcional à sua representação cortical. As áreas do corpo capazes de executarem movimentos mais finos possuem maior representação cortical.
A estimulação elétrica do córtex cerebral determina movimentos contra laterais nos membros e na porção inferior da hemiface; enquanto os músculos do tronco, da mastigação, da porção superior da face, da faringe e da laringe respondem bilateralmente. Portanto, os motoneurônios que inervam os membros e a porção inferior da hemiface recebem apenas fibras do córtex cerebral contralateral; enquanto os motoneurônios inferiores que inervam os músculos do tronco, da mastigação, da faringe e do terço superior da face recebem fibras do córtex cerebral contralateral e homolateral.
Assim, o déficit de tipo cortical é a hemiplegia cruzada incompleta e não proporcional, ou seja, um dos membros (superior ou inferior) é mais acometido que o outro.