18 julho 2010

Quem sou eu?


Muitas pessoas se definem por conceitos, ou frases prontas, ou citações de pessoas que julgam mais sábias, ou mesmo se definem com suas próprias palavras e opiniões. Mas eu não me defino. Em termos simples, definir alguém significa encaixá-lo em um determinado padrão de comportamentos, gostos, opiniões, que de certa forma todos nos encaixamos, e eu também, mas reconheço que este padrão de hoje pode não ser o mesmo de amanhã, e por isso não irei definir quem eu sou pelo conceito mais recente que passa pela minha cabeça nesta noite de domingo. Mas posso definir algumas coisas mais constantes sobre mim. Como o passado. Nasci em Maceió, há 19 anos e alguns meses e praticamente nunca saí daqui para muito longe, exceto em raras ocasiões. Cresci acreditando que jamais faria medicina, apesar de brincar com o estetoscópio pediátrico de minha mãe. Chegando a época da escolha do curso, percebi que existia somente uma coisa que eu queria fazer de verdade: ser útil de uma forma prática para as pessoas. E acreditei que a medicina seria a única profissão capaz de proporcionar tal sonho. Então pra mim, a medicina não foi o sonho, mas o meio de chegar a ele. Ao entrar na faculdade, apesar dos desafios dos primeiros períodos do curso, há mais de um ano que tenho certeza que não pertenceria a nenhum outro lugar. A compreensão cada vez maior que tenho do papel do médico na sociedade e também o contato com a prática médica em termos de conhecimento científico aumentaram o poder da medicina sobre mim, e só espero poder no futuro prover um retorno de tudo que aprendi para o mundo, à maneira do meu sonho inicial.

A coisa triste da medicina é não ter muito mais tempo para as outras coisas que eu costumava fazer aos montes, como ler (e arriscar escrever um pouco – confesso que aproveito esse texto para desenferrujar a minha escrita). Tenho uma biblioteca no meu quarto, com livros que eu já li lotando as pranchas nas paredes, e não podia escrever um texto falando sobre mim sem mencioná-los. Infelizmente não acho que a biblioteca irá crescer, ao menos não de forma rápida, tanto pela falta de tempo de ler, como da possibilidade atual de ler de graça e no computador.

Mas eu divago. Acredito que se é preciso então terminar esse texto deixando alguma conclusão sobre quem eu sou, embora essa conclusão eu nunca terei, lembro porém de uma frase de Clarice Lispector, que define a maneira com que eu tento encarar a vida: “Eu sou mais forte que eu.”.

*Este texto foi escrito originalmente para um trabalho da faculdade (pode acreditar). Algumas pessoas pareceram gostar dele, então achei que seria legal postar.

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